Em novembro deste ano de 1967, teimou em fazer uma pequena festa de aniversário para a “sua filha” que estaria fazendo 12 anos de idade no dia 03 de dezembro. Afinal, para ele, “era a última festa que faria à menina”. Assim foi feito, mas a festa reuniu apenas os familiares. Os adultos no segundo andar da casa conversando e, as crianças no primeiro, brincando e dançando e, correndo pelo jardim. A “sua filha” também havia passado de ano na escola e iria cursar o segundo ano ginasial no próximo ano. |
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No dia 07 de dezembro não se sentia bem: sentia frio e picadas no braço esquerdo. Não foi trabalhar e, com a “filha” foi ao consultório, no centro da cidade, do Dr. Paulo Braz, já acima citado, que lhe recomendou descanso, prescreveu medicação e pediu-lhe determinados exames para o dia seguinte. Dia que ele iria realizar dois projetos: mudar o seu testamento e comprar um novo carro, um Ford Galaxy de cor azul. Já tinha um novo escritório para onde, em breve ,seria instalado, na Avenida Almirante Barroso, 22 Sala 501 – Centro – Rio de Janeiro. Chegou em casa, vestiu um casaco e a esposa o sentou na varanda a tomar um pouco de sol, pois sentia muito frio. À noite, sentia-se melhor já. Jantou normalmente, assistiu ao Repórter Esso e foi deitar-se. Porém não dormiu um só segundo, conversando toda noite e madrugada com a sua esposa dos planos que tinha mas sentia que não os conseguiria realizar. Sua maior preocupação era com o futuro de “sua filha”! Fez com que a espôsa lhe prometesse que daria continuidade na educação da menina, que lhe queria ver tendo uma festa de 15 anos e num casamento feliz, etc. Que estaria “do outro lado” assistindo a tudo isso. Na manhã do dia 08, levantou-se e foi barbear-se, escovar os dentes, mas não chegou a tomar banho pois sentia-se muito cansado. A esposa, disse-lhe que se deitasse mais um pouco e dormisse pois não havia fechado os olhos toda a madrugada. Ele deitou-se, virou-se para o lado esquerdo, pôs sua mão direita sob o rosto, deu um profundo suspiro e...fim: infarto do miocárdio, coronário esclerose generalizada. |
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Nessa altura tinha a sua família constituída das seguintes pessoas: Suas quatro irmãs, sendo que Elvira em Válega, Portugal; Maria do Carmo, viúva, em São João da Madeira,e seu sobrinho José Pereira Herdeiro, morando no Brasil; Palmira, separada do marido, suas sobrinhas Lúcia e Olga, casadas, tendo, esta última dois filhos; Deolinda, casada, dois filhos, Paulo casado com Maria Luiza e Vera Lúcia casada com Alberto Tibúrcio Rodrigues Júnior, tendo cada um deles cinco filhos: Deolinda Vitória, Marco Antônio, Belinha, Carlos,Carlos Alberto, Alberto, Regina, Jaqueline, etc. Vera, filha de seu irmão Francisco, que era trazida pela família para comemorações de aniversários, natais, etc, sempre sentada, com a cabeça baixa, os olhos fixos no chão e nenhuma palavra. Por parte da primeira esposa, um sobrinho sempre próximo, Dr.Francelino Corrêa Marques. Por parte da segunda esposa, Joaquim Alves Teixeira casado com Maria da Glória Ferreira e dois filhos: Felisberto Fernando e Antonio José; Maria Fernanda casada com Artur com uma filha: Isabel Cristina; Antonio Alves; Manuel Alves; Teresa Alves do Amaral casada e com uma filha, Nair Amaral Ciuffo, viúva, e suas filhas: Nara e Narimar, além de duas netas de seu falecido filho Jaime: Regina e Marina. E a “sua filha”, Marlene. No seu escritório: Sr. Emygdio e seus dois filhos, Emygdinho e Arlindo. A manhã, daquele dia 08 de dezembro de 1967, foi tumultuada, médico, parentes e amigos chegando, todos falando ao mesmo tempo, tratando de velório, enterro, compra de caixão, procura de documentos, etc. O corpo de Manuel foi vestido e colocado num caixão que teve de descer em pé pelo elevador. Lá em baixo o carro funerário já esperando e, em cortejo, seguiram todos para a Igreja de Nossa Senhora da Glória, no Largo do Machado, onde o corpo começou a ser velado. Ficou lá todo aquele dia, noite e manhã do dia seguinte. A tudo isso “sua filha” assistia atônita e assustada a tudo aquilo. Não era verdade! Não podia ser o que ela estava pensando! Mas era! Nesse dia, não permitiram que ela saísse de casa; lá ficou com sua cunhada Maria da Glória e os dois sobrinhos, Felisberto Fernando e Antonio José. |
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Ventou e trovejou muito nessa noite, as cortinas vinham até ao meio da sala, as janelas e portas batiam com força, o vento “uivava” pelo túnel co elevador e, choveu bastante forte. Amanheceu um dia claro e, só então, liberaram a menina para assistir ao ritual católico do enterro. Ela foi levada à capela onde o corpo estava sendo velado e, lá estava o “seu pai” deitado num caixão, com as mãos postas sobre o peito e algodão tampava-lhe as narinas. Parecia tranqüilo, em paz, num sono profundo e, que daí há pouco iria acordar, mas, de repente, fecharam o caixão e o carregaram novamente para um carro mortuário. Todo um cortejo de carros foi beirando a Praia do Flamengo até Botafogo, onde foi enterrado no seu jazigo, junto à primeira esposa, suas duas filhas e seu irmão Arnaldo. Cumpriu-se o que ele falava durante todo o ano: “é a última vez!” |
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A missa de Sétimo Dia, foi realizada na Igreja de Nossa Senhora da Candelária, no Centro, reunindo todos os parentes, amigos e conhecidos. Deixou testamento público, que foi aberto, logo depois, em que beneficia parentes, empregados,escolas, creches, instituições beneméritas e de caridade. É um documento longo, com centenas de beneficiados. Foi feito em 25 de novembro de 1965. Depois disto, sua família demonstrou o quanto de ganância possuía e o pouco que ele deixou á sua esposa e filha, tentaram tirar-lhes. Deolinda disse, então, à cunhada “Hei-de deixar-te à pão e laranja”! E, a partir daí, o clima tornou-se muito tenso entre a viúva e a família deste, que, na verdade, sempre a viram como apenas como uma “aproveitadora". |
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